Teixeira e o coração

Ricardo Teixeira balançou no poder da CBF nesse começo de ano. Muitos otimistas apostavam que o czar da bola tapuia não duraria até o Carnaval. Teixeira então precisou lançar uma manobra absolutista para assegurar seu comando. Em um bacciomano digno de máfia, teve o apoio das 27 federações reiterado em uma sorridente assembléia extraordinária.

Antes tida como ingenuidade, essa crença da queda de Teixeira ganhou corpo. Tudo após a emergência de uma denúncia de sobrefaturamento na realização de um amistoso da canarinho contra Portugal em 2008. De tão despudorado, Teixeira usou a conta da filha de 11 anos para rastelar os recursos excedentes do contrato com a Ailanto. A defesa se esquiva dizendo que o amistoso pertencia a AmBev e que a CBF pouco tem a ver com isso.

Entendemos que no Brasil esse é o andante dos grandes empreendimentos. Os estádios estão morosos ao se erguer, aguardando algum empurrão extra que lhe faça ganhar fôlego. Daí partimos para outras obras públicas de quilate mais relevante. O que devia ser executado com destreza e qualidade por atribuição, acaba cobrando mimos e agrados. É como pagar para seu filho tirar a média minima na escola.

Com a Copa em evidência, o futebol tem sido mais sobrevalorizado do que já é. As estórias de Teixeira e todo circo da bola ganham corpo nos jornais. Nos debruçamos sobre as notícias com aquela revolta aguçada no peito. Por mais nobre que seja esse incômodo, ele não basta.

Poderíamos ir as ruas e cobrar dos cartolas, como deveria ser feito há muito tempo. No entanto, o futebol realmente é importante, mas mais para o coração do que para a razão. E o primeiro se satisfaz nos gramados. Não nos plenários.

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