O Moderno, o Orgânico e Romário

Uma noite chuvosa. Um campo pesado.

De um lado, a modernidade do futebol. Do outro, um representante digno do esporte.

Entre eles, um título. Entre eles, um gênio. Entre eles, uma promessa.

Representando o Moderno, o time do Artsul. Fundado em 2001 por Nivaldo Pereira, empresário conceituado da indústria da construção civil, a “Águia Azul” possui um moderno centro de treinamento em Nova Iguaçu. O estádio do clube leva o nome de seu fundador.

Representando o Orgânico, o América Futebol Clube. Fundado em 1904 por dissidentes do Clube Atlético Tijuca, o “Mecão” é um dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro. Seu novo estádio inaugurado em 2000, leva o nome de Giulite Coutinho, ex-dirigente do clube.

O jogo decidiria que ficaria com o título do “Carioquinha”, a segundona do estado. Um campeonato desenhado em um formato heterodoxo pela folclórica federação carioca (veja o post).

Entre os 44 jogadores envolvidos, estava ele. Aquele que buscou o título da Copa do Mundo de 1994. Aquele que não gostava de treinar. Aquele que deve pensão pra mulherada. Aquele baixinho folgado pra cacete. Aquele que conhece a pequena área como poucos:  Romário de Souza Faria, 43 anos, Atacante.

Romário é filho de seu Edevair, torcedor convicto do Diabo. No entanto, o pai teve o “desgosto” de ver o filho crescer e jogar pelos principais clubes do Rio. Menos pelo seu time de coração.

Ciente da paixão do pai, Romário prometeu que ainda jogaria pelo América.  Falecido em 2008, seu Edevair não pode acompanhar o cumprimento de tal promessa.

Mesmo assim, não poderia ser em maior estilo.

Após 2 anos, na noite de ontem, o Baixinho voltou a disputar uma partida oficial. Uma partida que levou o clube de coração do pai de volta a elite do futebol carioca. Uma partida que levou um título para a Tijuca depois de 27 anos.

Representando o marido, dona Manuela vibrou das arquibancadas vendo o filho erguer a taça simbólica. A promessa estava cumprida.

Essas Histórias é que dão sabor ao futebol de hoje. São lampejos de romantismo que dão uma cor diferente para as corporações esportivas que permeiam NOSSA paixão atualmente.

Desejo com sinceridade que aconteça muito mais vezes coisas parecidas. Desejo que o Kaká volte a se despedir da torcida são-paulina. Desejo que o Vampeta venha a treinar o Vitória.

E que todas outras histórias de identificação entre clube e jogador se reforcem no futuro. Para provar de uma vez por todas que futebol é mais que um custo de oportunidade.

É uma coisa inomeável, que absorve por completo.

Foto: Paulo Sérgio

 

4 Respostas

  1. Excelente post.

    Obrigado por tudo Romário. Gênio!

  2. Que post dhora!!!
    Deliciado a ouvir tal histo’ria!!
    Obrigado mestre Flaco!!

    ABS.
    CP.

  3. Parabéns pelo texto! Muito foda, assim como Romário! rs.

  4. Que Romario ainda jogue muitos jogos ainda. O gênio da grande área está de volta.

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